Segundo o artigo de Kupfer (2003), “para a psicanálise o ‘EU’ é um precipitado de identificações, e se
constrói (...) segundo formações imaginárias fornecidas pela cultura”. Por
ocupar um lugar central em relação ao
estudo psicológico do comportamento, o ‘EU’ se constitui das perspectivas que o
sujeito constrói (recalques) e regula em relação à realidade (situações
vividas/projetadas). Segundo Kupfer
(2010), “O Eu de Freud é descentrado, do
mesmo modo como a Terra de Galileu e o Homem de Darwin... é irremediavelmente
dividido pela irreversível instalação da realidade do consciente".
Aliar teorias sobre a constituição do sujeito ‘diferentes’ pode
conduzir a análises e noções distintas, uma vez que para a psicanálise o sujeito
se constitui pelo ‘desenrolar da trama’, que segundo a análise de Kupfer (2010)
se dá “em um ponto de articulação entre
os determinantes socioculturais e pulsionais”; enquanto para o
construtivismo o sujeito se constitui através da sua interação com o meio, mas desmerecendo
suas funções inconscientes pessoais.
Pode-se dizer que as reações afetivas são uma consequência dos
problemas de aprendizagem (no sentido da constituição do sujeito em detrimento
à sua realidade). Segundo o artigo de Kupfer (2003), “(...) há choques
culturais na relação cotidiana (...) e a consequência seguinte são as reações
emocionais: apatia, agressividade e indisciplina." Acredito que também
constitua as reações emocionais ‘positivas’, influindo e interferindo em seu
desenvolvimento ‘global’.
Segundo Kupfer (2010), as práticas educativas bem como a escola dita
inclusiva “deverá abandonar a ideia do
sujeito central, autônomo. Precisará ter em seu horizonte de trabalho a
perspectiva de um sujeito descentrado (...) não será nem livre, nem sujeitado”. Portanto, com base na teoria psicanalítica, a
afetividade se relaciona com a cognição na medida em que o processo de
aprendizagem, escolar ou não, torna-se intrínseco ao indivíduo, condizente ao seu
ambiente de vivências e consciente de suas
especificidades/particularidades/patologias.