domingo, 3 de agosto de 2014

Freud e a Educação - “Escrever é fazer a dialética entre o desejo e a lei; entre o eu e o sujeito.” Kupfer, 2010

Segundo o artigo de Kupfer (2003), “para a psicanálise o ‘EU’ é um precipitado de identificações, e se constrói (...) segundo formações imaginárias fornecidas pela cultura”. Por ocupar um lugar central em relação ao estudo psicológico do comportamento, o ‘EU’ se constitui das perspectivas que o sujeito constrói (recalques) e regula em relação à realidade (situações vividas/projetadas).  Segundo Kupfer (2010), “O Eu de Freud é descentrado, do mesmo modo como a Terra de Galileu e o Homem de Darwin... é irremediavelmente dividido pela irreversível instalação da realidade do consciente". 
Aliar teorias sobre a constituição do sujeito ‘diferentes’ pode conduzir a análises e noções distintas, uma vez que para a psicanálise o sujeito se constitui pelo ‘desenrolar da trama’, que segundo a análise de Kupfer (2010) se dá “em um ponto de articulação entre os determinantes socioculturais e pulsionais”; enquanto para o construtivismo o sujeito se constitui através da sua interação com o meio, mas desmerecendo suas funções inconscientes pessoais.
Pode-se dizer que as reações afetivas são uma consequência dos problemas de aprendizagem (no sentido da constituição do sujeito em detrimento à sua realidade). Segundo o artigo de Kupfer (2003), “(...) há choques culturais na relação cotidiana (...) e a consequência seguinte são as reações emocionais: apatia, agressividade e indisciplina." Acredito que também constitua as reações emocionais ‘positivas’, influindo e interferindo em seu desenvolvimento ‘global’.
Segundo Kupfer (2010), as práticas educativas bem como a escola dita inclusiva “deverá abandonar a ideia do sujeito central, autônomo. Precisará ter em seu horizonte de trabalho a perspectiva de um sujeito descentrado (...) não será nem livre, nem sujeitado”.  Portanto, com base na teoria psicanalítica, a afetividade se relaciona com a cognição na medida em que o processo de aprendizagem, escolar ou não, torna-se intrínseco ao indivíduo, condizente ao seu ambiente de vivências e consciente de suas especificidades/particularidades/patologias. 

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