Os ossos do ofício...
Não é fácil ser professor.
Enquanto indivíduo que apenas é visto como um robô-que-ensina-sobre-algo, estamos nos tornando escravos de um sistema educacional incoerente, que subjuga os valores éticos e morias da sociedade e que reza uma legislação injusta, na maioria das vezes colocando-nos a mercê de uma insustentável realidade. Diante desse aspecto, nenhum dos envolvidos torna-se capaz de auto-reflexão, mas (incrivelmente) passíveis de um comodismo que destrói pelo resto da vida, vidas.
Se as leis de um país são aplicadas sem distinção, principalmente em relação ao poder aquisitivo; sobremaneira que se tornam reconhecidas e fazem de seus formuladores e promulgadores conhecidos, muito se ganha. Seria então possível pensar que não haveriam tantas faltas ao trabalho e às aulas, licenças-saúde, afastamentos, entre outros. Bastasse o devido reconhecimento e respeito entre todos os envolvidos! Utopia?
Ensinar conteúdos enquanto habilitado para tal finalidade é um quesito (relevante) esquecido por muitos. A maioria dos críticos dessa parcela do proletariado não vivenciou uma sala em escola pública. Engraçado, qual o motivo então de ainda ser necessário formar professores e ainda sim discutir sobre a falta dos mesmos nas salas de aula? Apenas formação e salários? Existe muito doutor que não sabe operar! Em qualquer lugar há. Mas não se pode generalizar. Qual a solução? Já me disseram que não existe uma "fórmula certa", mas existe "vista grossa". Vai entender...
As grandes dificuldades encontradas e enfrentadas diariamente no seio educacional dizem respeito a inúmeros aspectos relevantes sobre o bom desenvolvimento do trabalho do docente, mas apenas deste? Alguém demonstra preocupação com seu bem estar financeiro, familiar, psicológico e, principalmente, sobre o respeito perante a essencialidade do seu ofício? Aparentemente, apenas procuram cumprir a lei. Nada além disso. Muitos se esquecem que esse profissional também tem família, deseja ter suas horas de lazer, ser reconhecido como alguém socialmente importante, que o seu desprendimento familiar e empenho para realizar um projeto didático, necessita muito além do desenvolvimento do mesmo, mas principalmente apoio e orientação adequados (e reais).
Não somos autoridade no sentido de sermos detentores de todo conhecimento e verdade do mundo, isso é fato. Mas de ter coragem, vontade de ensinar e capacidade para exercer essa profissão tão desmoralizada pela sociedade, ainda temos! Se somos necessários como mediadores no processo de aprendizagem, se os pais devem ser parceiros da escola para o melhor desempenho de todos, por qual motivo (ou quais) a burocracia ocupa o lugar da confraternização e a inveja o lugar do compartilhamento? Sem falar na falta de humildade, ética, diálogo... São tantos os pontos relevantes. Mas tudo recai apenas sobre o professor.
Realidades ainda mais complicadas de serem discutidas entre a comunidade escolar:
1) o educador não "dá nota" para aluno, ele simplesmente verifica o que o aluno empenhou-se em conseguir, por seu próprio mérito. O educador orienta e direciona o conteúdo, mas mastigar e regurgitar o conteúdo todo processado (e em ordem corretíssima) para o aluno não o ajuda em nada, pelo contrário o faz ser um alienado, incapaz de superar desafios e caminhar com as próprias pernas.
2) um aluno da rede particular deve (certamente) estar melhor preparado que o da rede pública, não se esquecendo que existem exceções a toda regra. e que ambas realidades são completamente diferentes;
3) os pais devem fazer questão de saber sobre o comportamento de seus filhos, não esperar que sejam convocados na escola e nem esperar para conversar sobre o que acham que não está indo bem;
4) o mundo precisa de pessoas solucionadoras, então a educação deve priorizar esse aspecto, juntamente com os pais, por mais "cegos" queiram parecer.
E ainda existem possibilidades de enumerar infinitamente tantas situações injustas e desagradáveis!
Onde estão as soluções? Cabe ao único culpado encontrá-las, sozinho. Pois ainda não formularam um Estatuto que nos resguarde de tanta "lamúria" não pronunciada, ouvida e apaziguada; na busca por fórmulas mágicas que deem conta da inexistência de uma sincera e justa realidade.
DEVEMOS reconhecer nossas falhas para compreender as do outro.