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Quando escolhi fazer o curso de "Escolas Sustentáveis" apenas me imaginei reciclando meus conhecimentos para ministrar aulas de Educação Ambiental mais contemporâneas. Entretanto, percebi que não se trata apenas de reciclar-se, mas de saber reutilizar o que sei com argumentos concisos. O embasamento teórico me auxilia em meu cotidiano na sala de aula, uma vez que reaproveito trechos de livros e práticas de livros antigos contextualizando-os junto às minhas perspectivas e a realidade de meus alunos; assumindo que posso estar errada, sem reduzir minhas chances de ser cética ou crédula, mediando o processo de conhecimento repensando sobre valores, cultura, política, economia e meio ambiente. Me recuso a delegar uma conclusão sobre o tema central desse curso, haja vista que inúmeros fatores condicionam a atual situação ambiental do planeta, e a agravam. Portanto, com os R's aprendi que preciso refletir sobre todos os aspectos que condicionam minha estadia na Terra.
#realidade #receio #indiferença
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Nesse intervalo de tempo aconteceram importantes reflexões sobre a realização do curso (continuidade) e sobre os inúmeros desafios e entraves para o desenvolvimento de uma Educação Ambiental "formal" nas instituições de ensino, haja vista suas singularidades.
Eu era uma pessoa que se me dissessem que a culpa do aquecimento global era do homem, eu acreditava e tomava os argumentos como verdadeiros sem questionar. Não me lembro de receber outro tipo de 'escolarização'. Entretanto, antes tarde do que nunca, um dos melhores acontecimento da minha vida foi ter a oportunidade de estudar em uma universidade federal, não um, mas 3 cursos distintos. Aprendi o significado da palavra REFLEXÃO. Embora muitas vezes meus questionamentos aos tutores sobre os aspectos de uma tarefa não ter ficado de acordo com o norteado pelo professor fossem interpretados como necessidades de "fechar a atividade", persisti. Reconheço que nunca fui aluna de acima de 80% de aproveitamento, mas sempre fui dedicada e interessada pelos estudos.
Bem, embora na maioria das vezes meus comentários tenham ar de arrogância, não me considero arrogante, nem realista, agora me considero reflexiva. Para tudo, em tudo, sobre tudo. Isso realmente mudou minha perspectiva sobre mim e a postura dos outros. A vida parece ficar mais leve, mas ainda assim nos pré-ocupa com questões interligadas que se manifestavam, na maioria dos casos, por meio de extremos, ora sensacionalistas ora "normais". E ela segue seu curso.
Educação Ambiental envolve não apenas a reflexão sobre as mudanças ecológicas no/do mundo, mas a relação intrínseca com questões pessoais, sociais, culturais, políticas, econômicas e afins, além da holística de quem as analisa. Quando li a frase de um marquês (de Maricá) - "Ler sem interpretar é comer sem digerir" - logo pensei sobre ler sem contextualizar/compartilhar o conhecimento; é como ficar sem saber como se alimentar diante de um prato de comida, e mesmo que chegue a prová-lo, será indiferente caso as papilas não sejam habituadas à práticas generalistas. Assim também compreendi sobre especialistas e generalistas, e a definição pode ser pontuada dentro da escola, na figura de seus profissionais.
Quando atribuem ao homem o pódio no quesito poluição, aceleração do efeito estufa e crises e mais crises ambientais, antes eu defendia essa teoria; no momento, eu reconsidero sobre os motivos biológicos, sociais e culturais que levaram nossa espécie a tomar como única via um modelo de desenvolvimento que tem nos levado à ruína. E continuar fomentando esse modelo. Nesse ponto, não desmereço a força "sobrenatural" da natureza, do movimento, da energia enquanto elo/fluxo entre os seres mantendo-os em equilíbrio; tão pouco desmereço a capacidade ardilosa de alguns de nossa trupe em manipular os mais fracos para conseguirem o topo do mundo.
Para mim, assim como diferentes pedagogias se manifestam em uma sala de aula, como o DNA se mistura e se manifesta em diversidade, qualquer ambiente que tente impor um modelo, paralelamente, norteia pontos de fuga para além do bem comum, e está fadado ao conflito, e nem sempre isso quer dizer 'evoluir'. "A ignorância gera o caos", já dizia Scarllet Johanson representando sua personagem, no filme de mesmo nome, "Lucy". Mas a reflexão é: "ignorância" sobre o quê/quem? Já dizia Raul Seixas: "sobre tudo (...) sobre o que eu nem sei que sou".
O mais interessante é saber que na questão ambiental o ético é jogar lixo no lixo e praticar os 5 ou 6 R's, ou ainda transformar materiais para burlar o efeito consumista do modelo econômico capitalista, e quem consegue é "modelo", quem o não, é vilão! Mas, por quais motivos esses aspectos ainda continuam a ser negligenciados pela população e o poder público? E a fiscalização? Rotular e punir é mais (politico-socialmente) vantajoso que educar? Será? Como conseguiria articular minhas ideias, a partir de diferentes contextos, sem que me educassem? Seria possível? Por que uma Constituição ultrapassada, cheia de emendas, não é revista para condizer com as atuais demandas ao invés de se tornar uma colcha de retalhos sem fim? Assim acontece com códigos específicos. Mas o comum (o básico) a todos está sendo respeitado? Como vai o Saneamento Básico e o salário? Será que "as leis" são as mesmas para quem tem poder aquisitivo maior e descarta mais embalagem plástica ou consome mais em relação ao extremo oposto?
Resumindo, qual a relação entre Justiça Social e Educação Ambiental?
É diário, às vezes tenho vontade de jogar tudo pro alto e ficar quietinha assistindo TV. Mas a consciência me interpela: "ei, isso de alguma forma não dura muito tempo não".
Resta saber quais os reais motivos para se preservar a "unidade" do povo (de uma espécie) - a partir de uma questão básica e comum como o descarte do lixo doméstico - cientes que, na maioria dos seios familiares essa unidade nem existe. Do local para o geral: se o "ser humano" é uma invenção social assim como a "infância", quais os reais motivos justificam nossa permanência na Terra?
Educar em respeito à natureza, reconhecendo a teia de vida interligada por fatores não-vivos, limita todas as espécies em um (novo) modelo de 'equilíbrio' que, na verdade, jamais existiu, nem mesmo antes da nossa espécie surgir. E como surgiu mesmo? Quem formulou?
Educar em respeito à natureza, compreendendo que tudo tem um início e um fim, como mostra as árvores filogenéticas com base em processos de extinção naturais, isso sim tem efeito.
A Ciência e a Tecnologia se complementam e mesmo assim sucumbem diante dos desafios impostos pelo nosso código genético! A Terra não sucumbiu ao longo desses milhões de anos, quem ficará sem recursos somos nós!
#fláviainsatisfeita
Inté.